quinta-feira, março 05, 2009

O meu portefólio


Este é o meu portefólio relativo ao primeiro e segundo períodos da disciplina de Português do 12º ano. Neste, é possível lerem todos os trabalhos que eu realizei para esta disciplina, tendo como principais temas as obras "Felizmente Há Luar" de Luís de Sttau Monteiro e "Mensagem" de Fernando Pessoa.
Para além disto, podem também mergulhar em vários poemas da minha autoria, que são acompanhados por fotografias tiradas por mim.

Aguardem pelos restantes trabalhos a realizar até ao fim deste ano lectivo.

Boas leituras!!!

Inês Barros

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Texto expositivo- reflexivo: Os novos Heróis








Lembram-se quando os nossos pais ou avós nos iam deitar e contavam-nos histórias de heróis, como “D’Artanha e os três Mosqueteiros” ou “Robin Wood”? Ficávamos maravilhados com os seus feitos nobres e as suas aventuras cavalgavam nos nossos sonhos, na ânsia de um dia podermos ser como eles!

Porém, todos nós que agora somos crescidos sabemos que no mundo real os heróis não vestem collants verdes nem empunham espadas brilhantes de prata. Os heróis são pessoas normais, que passam por nós na rua sem que nos apercebamos de que existem, mas que, impressionantemente, marcam toda a diferença. Eles lutam para ajudar os outros e, se necessário, sacrificam a sua própria vida pela existência do próximo.

Quantas vezes já não abriram caminho a uma ambulância em situação de emergência e pensaram que assim estavam a ajudar alguém? Podemo-nos considerar heróis quando somos altruístas e quando colocamos aqueles que nos rodeiam em primeiro lugar, mas, neste caso, os verdadeiros heróis são os bombeiros, que iam no interior da ambulância, dispostos a dar o tudo por tudo para salvar a vida de um desconhecido.

E quando está no parque com os seus filhos, que brincam alegremente com os outros meninos, e, em conversa com outros pais, descobre que a menina loirinha de olhos azuis esteve internada em estado crítico por insuficiência cardíaca? Pergunta-se a si mesmo como é possível parecer tão saudável, no momento em que a mãe lhe diz que o médico que realizou o transplante é o seu herói.

Os heróis são, assim, aqueles que na infinidade do universo se destacam por serem tão grandes que não cabem nele.


Inês Barros

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Poema para Livro de Curso


Sei que a vida corre…
O passado urge…
O sentimento cresce…
Mas a memória, essa, nunca morre
Mesmo quando o futuro surge.
É ele que a cada dia floresce.

Revisito memórias do tempo
Parece que ainda foi ontem…
Entro por esta porta
Verde da escola, lento
É o meu passo quando vem
O som da campainha, que toca.

O círculo está completo
E eu mais do que realizada.
Deambulo em busca daquilo que fui
Ando pelo corredor, repleto
De murmúrios, gritos e até de uma gargalhada.
Não conto as horas a passar; o relógio flui.

Dos amigos, reunidos, nunca me vou esquecer.
Quando presentes, divirto-me e sou quem nasci para ser
Quando ausentes, sinto-os sempre no meu coração.
Caminho até à sala do Saber
E lembro-me do professor me ajudar a aprender.
Fi-lo pelo meu Futuro…é só mais esta lição:

Percorri a vida, triunfante
Acompanhada por esta realidade resistente às ruínas do tempo
E que lapida o diamante
Que cada um de nós tem cá dentro.


Inês Barros

Biografia de Luís de Sttau Monteiro


Luís Infante de Lacerda Sttau Monteiro nasceu no dia 3 de Abril de 1926, em Lisboa.
Com dez anos, foi para Londres com o pai, que exercia funções de embaixador de Portugal. Regressa a Portugal em 1943, no momento em que o pai é demitido do cargo por Salazar. Licenciou-se em Direito em Lisboa, exercendo advocacia por algum tempo. Depois, volta a Londres, onde se torna um condutor de fórmula 2. Mas é em Portugal onde dá os primeiros passos na literatura: colabora em várias publicações, destacando-se a revista Almanaque e o suplemento "A Mosca" do Diário de Lisboa; cria a secção Guidinha no mesmo jornal.
Em 1961, publicou a peça de teatro Felizmente Há Luar, distinguida com o Grande Prémio de Teatro. Porém, a representação foi proibida pela censura. Só viria a ser representada em 1978 no Teatro Nacional. A peça foi um grande sucesso, tendo sido vendidos 160 mil exemplares. Em 1967, Luís de Sttau Monteiro foi preso pela Pide após a publicação das peças de teatro A Guerra Santa e A Estátua. Estas eram sátiras que criticavam a ditadura e a guerra colonial.
Em 1971, com Artur Ramos, adaptou ao teatro o romance de Eça de Queirós A Relíquia, representada no Teatro Maria Matos. Mais tarde escreveu também o romance inédito Agarra o Verão, Guida, Agarra o Verão, adaptada como novela televisiva em 1982 com o título Chuva na Areia.
No dia 23 de Julho de 1993, Luís de Sttau Monteiro faleceu.

Dissertação: Felizmente Há Luar!



Qual a importância dos símbolos não linguísticos na obra "Felizmente Há Luar!"


Na obra “Felizmente Há Luar!” existem vários signos não linguísticos deveras importantes para a compreensão do contexto histórico da peça e da mensagem final. Ao lermos este livro, encontramos elementos que possuem uma significância própria e que não se limitam a embelezar o texto dramático.
Na minha opinião, os símbolos que melhor retratam a época da história são: o cenário de abertura dos actos I e II (demonstrando a pobreza do povo), o som dos tambores e dos sinos (simbolizando a repressão a que o povo estava sujeito) e a moeda de cinco réis (simbolizando o desrespeito que os mais poderosos mantinham com os mais fracos, contrariando os mandamentos da Igreja). Assim, é possível concluir que esta era uma época cujo regime político era absolutista, não havendo liberdade de expressão. Outros demonstram que o povo ainda tem esperança na luta contra o regime, como a saia verde, a luz e a Lua.
Os símbolos fundamentais para a compreensão de “Felizmente Há Luar!” são o luar e a fogueira. O luar possui duas conotações diferentes: do lado dos opressores, D. Miguel diz “Felizmente Há Luar!”, pois o seu objectivo era o de dissuadir os revoltosos e o luar desempenharia um papel fundamental; do lado dos oprimidos, a expressão dita por Matilde simboliza a esperança na luta contra o regime (o luar seria a luz a seguir no combate pela liberdade). Enquanto a fogueira, para D. Miguel, é um símbolo de ensinamento ao povo, para Matilde é a revelação de que a chama mantém-se viva e a liberdade há-de chegar.
Resumindo, os símbolos presentes nesta obra, em especial o luar e a fogueira, transmitem-nos a ideia de que a esperança na luta pela nossa liberdade é a última a morrer!

Curriculum Vitae de Marechal Beresford


Informação Pessoal

Apelido (s) /Nome (s): Beresford/ William Carr
Morada: Rua dos Passos, nº 1, Lisboa.
Nacionalidade: Inglesa.
Data de nascimento: 4/02/1768
Sexo: Masculino.
Estado civil: casado.

Emprego Pretendido Marechal do 1º Regimento Português

Experiência Profissional

Data: de 02/03/1807 a 24/08/1820.
Função ou cargo ocupado: Regente.
Principais actividades e responsabilidades: Governar o país durante a ausência do rei D. João VI.
Sector: Governativo.

Data: de 02/03/1807 a 24/08/1820.
Função ou cargo ocupado: Marechal do exército Português.
Principais actividades e responsabilidades: reorganização do exército português, após a primeira invasão Francesa.
Sector: Militar.

Data: de 28/06/1804 a 30/12/1806.
Função ou cargo ocupado: General do exército Britânico.
Principais actividades e responsabilidades: Aconselhamento aos Comandantes. Organização do exército inglês. Formulação de estratégias e tácticas defensivas. Defesa do país.
Sector: Militar.

Data: de 22/01/1800 a 11/04/1804.
Função ou cargo ocupado: Comandante da Infantaria Britânica.
Principais actividades e responsabilidades: Comando das infantarias. Treino de soldados. Formulação de estratégias militares. Defesa do país.
Sector: Militar.

Data: de 09/03/1797 a 27/10/1799.
Função ou cargo ocupado: Soldado na 3ª Infantaria Britânica.
Principais actividades e responsabilidades: Treino intensivo. Defesa do país.
Sector: Militar.

Educação e formação

Data: de 23/09/1787 a 09/10/1792.
Designação da qualificação atribuída: Secundário.
Principais disciplinas/competências profissionais: Inglês, História, Matemática, Filosofia, Francês, Ciências naturais, Físico-Química.
Nome e tipo da organização de ensino ou formação: Colégio particular.

Aptidões e competências pessoais
Língua (s) materna (s): Inglês.
Outras línguas: Francês.
Capacidades: excelente capacidade organizacional; excelente capacidade de liderança.
Anexos• Certificado de ocupação de cargo de General do exército Inglês.

Conceitos relacionados com o Modernismo

O Simbolismo é um estilo literário, do teatro e das artes plásticas que surgiu na França, no final do século XIX.
Primeiramente denominado por decadentismo, uma vez que consistia numa decadência dos valores então vigentes, viu a denominação de simbolismo afirmada por um manifesto datado de 1886.
É marcado pelo subjectivismo (interesse no particular e individual, no subjectivo), pela musicalidade (a música acima de tudo, usando aliterações) e pelo transcendentalismo (preferência pelo vago e irreal).


O Saudosismo foi um movimento estético ocorrido em Portugal no primeiro quartel do século XX.
Tem como objectivo explorar o sentimento humano da saudade. Tendo a saudade como princípio dinâmico e renovador, pretende levar a cabo a regeneração do país.

O Paulismo foi um movimento literário de vanguarda criado por Fernando Pessoa, cuja designação deriva da palavra "Pauis", com que começa o poema “Impressões do Crepúsculo”.
Define-se pela voluntária confusão entre o objectivo e o subjectivo. Utilizam-se frases nominais, maiúsculas que traduzem a profundidade espiritual de determinadas palavras e o vocabulário pertence ao campo do tédio e do vazio da alma.

Interseccionismo é um movimento literário que se caracteriza pela intersecção no poema de vários níveis simultâneos de realidade: a interior e a exterior, a objectiva e a subjectiva, o sonho e a realidade, o presente e o passado, o eu e o outro.

Sensacionismo assume-se como um princípio psicológico e estético que concebe a sensação como a única realidade existente. Pessoa defendia que a arte deveria levar a cabo uma decomposição das sensações, de forma a tornar consciente, no homem, a estrutura da realidade.

O futurismo é um movimento artístico e literário, que surgiu oficialmente em 20 de fevereiro de 1909 com a publicação do Manifesto Futurista, pelo poeta italiano Filippo Marinetti, no jornal francês Le Figaro.
Os adeptos do movimento rejeitavam o moralismo e o passado, e consideravam que a arte devia estar enquadrada com a realidade em que se vive. Assim as suas obras baseavam-se fortemente na velocidade e nos desenvolvimentos tecnológicos do final do século XIX.

Biografia de Fernando Pessoa


Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, no dia 13 de Junho de 1888.
É filho de Maria Madalena Pinheiro Nogueira e de Joaquim de Seabra Pessoa.
Viveu em Lisboa até à morte do pai em 1893 e a do irmão no ano seguinte. Depois destes acontecimentos, ele e a mãe foram viver para África do Sul. Aí vive de 1896 a 1905.
O facto de ter vivido na África do Sul influenciou-o decisivamente a nível cultural e intelectual, tendo desenvolvido um grande conhecimento da língua Inglesa.
Regressa a Portugal, com 17 anos, com o intuito de frequentar o curso de Letras.
Primeiro, viveu com uma tia, na rua de S. Bento. Depois, com a avó paterna, na Rua da Bela Vista à Lapa. Mas Fernando Pessoa não continuou o seu curso e, servindo-se dos seus conhecimentos de Inglês, trabalhou em diversos escritórios em Lisboa.
Ficou sobretudo conhecido como um impulsionador do Modernismo em Portugal. Expressava-se tanto com o seu próprio nome, como através dos seus heterónimos: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
Em vida publicou um livro em Português: a “Mensagem”.
Apaixonou-se por Ophélia Queirós com a qual manteve uma relação muitas das vezes distante.
Fernando Pessoa morre a 30 de Novembro de 1935, de uma grave crise hepática devido ao excessivo consumo de álcool.
Em 1988, o centenário do seu nascimento, os seus restos mortais foram transladados para o Mosteiro dos Jerónimos, em Belém.

Fernando Pessoa: o poeta



A luz abre caminho por entre a sombra para desvendar algo inovador.

Estava ele sentado à mesa de sempre, no café quente e acolhedor. Vestido a rigor, como um “gentleman”, transparecendo a sua educação britânica.
Segura um cigarro pensativo na mão direita, e, com o olhar fixo, deixa a sua mente divagar. O pensamento invade-o e transporta-o para outros mundos. Ora de sonho…ora de realidade…

Sim, é de certeza um escritor!

Com “Orpheu” a seu lado, tomou um café, pois em cima da mesa podemos ainda ver uma castanha chávena de porcelana.

Porque pensa ele?

Sobre a mesa, é de se notar a existência de uma folha de papel em branco, e uma caneta com intenção de escrever.

Estará ele à procura de inspiração?

O cigarro apagou-se; já não há fumo, mas o poeta fervilha, de regresso à realidade.
A folha que outrora se encontrava em branco, ficou repleta de letras. As vogais e consoantes uniram-se para transmitir a nova corrente literária: o modernismo.
A poesia escrita não vem sem assinatura; parece que a misteriosa figura é Alberto Caeiro, … Álvaro de Campos ou… Ricardo Reis.
Mas, nesta visão, encontro somente Fernando Pessoa!

"O poeta é um fingidor"



Comentário à quadra:

“Água que passa e canta
É água que faz dormir…
Sonhar é coisa que encanta,
Pensar é já não sentir.”
Fernando Pessoa,
in Quadras ao Gosto Popular, Ática



Fernando Pessoa defendia a Teoria do Fingimento, afirmando que “O poeta é um fingidor.”
Este fingir poético é encarado como um processo de representação mental de uma emoção, sendo que o poema não é escrito no momento em que se vive a emoção, mas sim no momento em que a mesma é revivida. Existem, então, diferentes tipos de emoções “fingidas” na poesia: as que o poeta sentiu humanamente (vividas, mas já passadas e presentes na memória) e as que o poeta não viveu, mas sentiu no intelecto. Todas estas emoções são o resultado de uma análise posterior e racional da realidade, pois todo o tipo de arte é uma intelectualização da emoção.

Os primeiros dois versos revelam a necessidade do carácter intelectual e racional da poesia, uma vez que demonstram o quão pobre seria esta arte se se tratasse da simples e momentânea descrição do estado de espírito do poeta.

Logo, o poeta jamais poderá sentir sem pensar.
E é o facto de a poesia ser racional, que faz com que o poeta sinta com a imaginação e não com o coração.

Os últimos dois versos referem-se aos sentimentos do poeta, que, tendo de sentir a pensar, não vive plenamente as verdadeiras emoções do coração.

Na realidade, o poeta nunca sente da mesma forma que o homem comum!

Poema "O menino da sua mãe"



Comentário a "Malhas que o Império tece!" (Fernando Pessoa)


No poema “O Menino da sua mãe!”, Fernando Pessoa utiliza a imagem da Primeira Guerra Mundial para explorar o sentimento da perda. Esta guerra foi dura, violenta, sangrenta e transformou de forma drástica a personalidade e forma de pensar de todos os “meninos da sua mãe” que nela participaram como soldados ao serviço do país. Para muitos, a guerra marcou o fim das suas vidas.
Não há dúvida de que este massacre é um cenário muito bem escolhido para se exaltar a nostalgia do bem perdido. A expectativa de se poder ou não voltar a ver o ente querido ou a notícia da sua perda são “malhas que o império tece”. Ou seja, o Império da Guerra tem consequências negativas, que se verificam a níveis humanos. A guerra exige o confronto entre homens até à morte ou até à conciliação dos países. As famílias mandam os seus melhores representantes do sexo masculino para lutarem pelo país, por todos eles. Mas, apesar de existir sempre a esperança de se reunirem de novo, todos estão bem cientes de que os seus “meninos” podem morrer, encontrando conforto no facto de pensarem que esse desfecho trágico é normal e até mesmo necessário para que se cumpram os objectivos da guerra.
É esta a natureza da guerra; são estas as suas consequências!

Resumo da Carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro



Fernando Pessoa fundamenta o facto de possuir heterónimos na sua histeria e considera que eles provêm da sua tendência para despersonalizar e simular. A histeria não se manifesta exteriormente; assume aspectos mentais. Assim, este fenómeno é mentalizado e vivido em silêncio, através da poesia.
Desde muito cedo que Pessoa tem predisposição para criar um mundo à sua volta: um mundo como este, mas com outras pessoas. Sem saber como, surgiam-lhe figuras, associadas a um determinado nome e biografia. O seu primeiro heterónimo foi Chevalier de Pas e criou-o com seis anos. Já em adulto, nasceu, sem que apercebesse, Ricardo Reis. Mais tarde, surgiu Alberto Caeiro, enquanto escrevia numa cómoda alta, de pé, num momento de inspiração. Depois de definir o “mestre”, Fernando Pessoa consolidou Ricardo Reis por derivação oposta e finalmente viu Álvaro de Campos.

Os seus conhecidos inexistentes tomaram conta de si próprio e influenciaram a sua poesia.

Pessoa era o espectador de um processo que parecia ocorrer independentemente de si.

Alberto caeiro



Comentário
“É preciso de vez em quando ser infeliz/ Para se poder ser natural.”

Alberto Caeiro

Fernando Pessoa define Alberto Caeiro como um poeta bucólico e de espécie complicada.

De facto, o “mestre” de Pessoa e de todos os heterónimos é um poeta da natureza que valoriza as sensações. Só se interessa por aquilo que lhe é transmitido pelas sensações e, como tal, procura usufruir da natureza com despreocupada sensualidade.

Por outro lado, Alberto Caeiro condena o sentimento em excesso, uma vez que este pode conduzir ao pensar e ele recusa o pensamento (“ Pensar é estar doente dos olhos”). Para Caeiro, a única maneira de se poder sentir verdadeiramente é não pensando. E para se ser natural, é necessário saber moderar as emoções.

Desta maneira, para se ser natural e sentir verdadeiramente, deve-se ser infeliz, ou pelo menos, não muito feliz. Para aproveitar toda a variedade que a natureza tem para dar, é preciso não exagerar a nível sentimental.

Ricardo Reis




Ricardo Reis é o poeta do presente.
Tem consciência da efemeridade do tempo, da ameaça permanente da morte e da fragilidade do ser humano.
Assumindo uma atitude estóico-epicurista, aceita calmamente o seu destino e o seu fim irrevogável, define a liberdade como a simples conformação com a ordem natural das coisas e procura o prazer possível e moderado de cada momento. Procura sobretudo uma felicidade relativa, a tranquilidade, a ausência de perturbação (ataraxia) e a ausência de dor (aponia).
Transparece, assim, um epicurismo triste, uma vez que compromete a sua felicidade, sacrifica o presente por uma possível perda no futuro. Considera a vida um estado transitório, no qual não vale a pena sofrer ou provocar sofrimento. Assim, abdica de valores duradouros e do compromisso, para não se envolver demais e não sofrer.
Reis é o poeta da indiferença e da contemplação: indiferente aos outros, contemplando o fluir da vida.

Álvaro de Campos


Álvaro de Campos procura sentir tudo de todas as maneiras.
É o filho indisciplinado das sensações.
Assim, passou por três fases: fase Decadentista, fase Futurista e fase Abúlica ou intimista. Tenta desta forma totalizar todas as sensações, sendo que, de facto foi o heterónimo que melhor conseguiu fazê-lo.

Na primeira fase, o poeta expressa o desejo de fuga da realidade, havendo referências a viagens e a narcóticos.

Na fase futurista, é exaltada a energia, a força e a velocidade. O poeta tenta apoderar-se de todas as sensações bruscas e violentas das máquinas.

Na fase intimista, é explorado o niilismo, onde o sujeito poético não é nada. Considera toda a sua vida sem sentido; revela um desencontro consigo mesmo e com os outros; sente uma grande angústia existencial, revolta e frustração.

Mar Português - Mensagem




Estrutura externa:

Mensagem é a obra épica-lírica de Fernando Pessoa.
Épica, porque conta os grandes feitos dos heróis, tomando a forma de uma epopeia. Lírica, pois Pessoa revê-se nesses grandes momentos da História, dando a sua opinião subjectiva acerca dos vários episódios.

Encontra-se dividida em três partes: O Brasão (ligado à origem de Portugal), Mar Português (relacionado com os descobrimentos) e O Encoberto (de natureza profética; relaciona-se com o futuro e o que ainda está para vir).

O poema escolhido foi Mar Português, o décimo poema da segunda parte da obra.


Exploração do poema:

Este poema salienta os sacrifícios por que os portugueses passaram para se obter a glória. Ou seja, é referido o perigo, o sofrimento, a dor e as vidas perdidas que são fundamentais para se alcançar os objectivos: “São Lágrimas de Portugal” (dor). Neste caso, o objectivo dos Portugueses era a conquista do mar: “Para que fosses nosso, ó mar!”

O poema encontra-se dividido em duas partes: na primeira estrofe são evidenciados os aspectos negativos dos Descobrimentos (“choraram”, “rezaram”); a segunda estrofe compreende os aspectos positivos desta conquista: “valeu a pena?” (esta é uma pergunta retórica, mas, de seguida, Pessoa dá-nos a sua resposta:”Tudo vale a pena”).

A conquista do mar foi positiva, apesar de todo o sofrimento causado, porque as ambições e expectativas do povo português eram muito elevadas: “Se a alma não é pequena/ Quem quer passar além do Bojador/Tem que passar além da dor.”
“Deus ao mar o perigo e o abismo deu, / Mas nele é que espelhou o céu.”Nestes últimos dois versos concretiza-se a descrição antitética do mar (antítese). Os vocábulos “perigo” e “abismo” referem-se à dimensão negativa do mar, contrapondo com a imagem positiva “espelhou o céu”, sendo o mar esplêndido e divino (criado por Deus)


Importância do Herói:


O herói deste poema é o Povo Português, pois sem o seu esforço, nada teria sido possível. Foi graças à sua bravura e coragem que Portugal conseguiu triunfar na época dos descobrimentos.

Contexto histórico:

Época dos Descobrimentos
Esta foi uma altura onde os Portugueses partiram para o mar em busca do desconhecido, tendo-se desfeito muitas famílias, devido à perda de homens: “Por te cruzarmos quantas mães choraram/ Quantos filhos em vão rezaram/ Quantas noivas ficaram por casar” (perda).

Relação com o Título:

Se analisarmos a relação entre mar, sal e lágrimas, podemos chegar à conclusão de que o sal das lágrimas dos portugueses está contido no mar. Logo, o mar pertence ao povo português.

Aspectos formais:

 O poema encontra-se dividido em duas estrofes de seis versos cada (sextilhas).
 Os versos possuem alternadamente 10 sílabas métricas (decassilábicos) e 8 sílabas métricas (octossilábicos).
 O esquema rimático: AABBCC.
 As rimas são emparelhadas.

Recursos estilísticos:

 Apóstrofe (chamamento do mar): “Ó mar salgado”;
 Metáfora (o povo português está intimamente ligado ao mar): “Quanto do teu sal são lágrimas de Portugal”;
 Anáfora (repetição): “Quanto(…)/Quantas(…)/Quantos(…)”;
 Interrogação retórica: “Valeu a pena?”;
 Antítese (exploração de ideias opostas): “Deus ao mar o perigo e o abismo deu,/Mas nele é que espelhou o céu.”

Metamorfose


Linda larva
Tão jovem e inocente
E calma de diabrura
Teu espírito encanta
Todo o teu ser é único
Tens talento em cada vértebra que te compõe
E cativas até os mais esquisitos
Com o teu sorriso tentador

Pelo teu próprio corpo esguio
Subiste lá alto

Ninguém ficou indiferente
O tempo passou
O sucesso aumentou
Já não és larva

De um casulo saíste
Toda vaporosa
Agora, tinhas estado com as estrelas
E ganhaste um par de asas lustrosas
Pintadas de todas as cores

Sentes-te especial
Mais bonita, graciosa
És uma borboleta
És a rainha do Mundo
O teu corpo minúsculo
Ostenta o peso da fama

Estás crescida
E já não consegues voar…

Inês Barros

Multifacetado



Lembro o passado distante
E peço ao futuro que virá.
Amo com amizade
O amigo, que amor me dá.
Olho o horizonte
E perco o infinito
Deixo meu cabelo esvoaçar
Ao vento da sorte e do azar.
Ouço ao longe
Explosões de cores.
Sinto bem perto
Um punhado de odores.
Caminho por entre as estrelas,
Corro e salto sobre os cometas,
Frios e com sombras amarelas.
E eu viva ou morta de tantas facetas.

Inês Barros

Porquê?


Porquê?
Pessoas perante inúmeras portas abertas
Promessas de um colorido futuro
Escolhem um buraco sombrio
Um lugar tão escuro
De onde não há retorno…

É jamais possível voltar,
Daquele inferno constrangedor,
À avenida da liberdade
Um espaço sem dor

Onde podes estar
Onde tens opções
Onde podes voar
Onde até as portas fechadas
Tu podes abrir e nelas entrar…

Inês Barros

Sorriso em Itálico


Caminho em direcção à multidão.

Penso em nada e em tudo.
Quem são?
O que fazem?
O que estão realmente a pensar?
Confusão momentânea de seres, de sentimentos…

Como é bom estar na companhia
Daqueles que amamos.
São-nos tanto…

Mas a dor prevalece
Quando a verdade desvenda o véu da hipocrisia.
É demasiado cruel
Tentar acreditar que os outros não passam de meros elementos
Forçados a pertencer ao nosso Mundo…
Que os seus pensamentos abarcam a represália e a pena,
Que tencionam valer-se da nossa inocência;
Da pureza que nos torna instrumentos ao seu dispor:
Descartáveis, sem sentido e sem dignidade…
É frustrante dedicarmo-nos a alguém
Que simplesmente não nos merece…


Mas não me é possível admiti-lo…
Caí no pecado de os amar demais.

E eu continuo o meu trilho,
Talhado para grandes feitos.
Vivo escondendo todo o meu sofrimento
Envolvida no que julgo ser uma amizade
Supero toda esta desilusão
E engano os que me rodeiam com um sorriso em itálico

Inês Barros

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Natal: luzes e presentes




Luzes que enfeitam as ruas
Lá caídas nos troncos em esquemas complexos
Não são mais do que brilhantes e alegres focos
Que guiam as últimas folhas ao limiar eterno.

Elas caem no branco e gélido passeio.
A menina passa e vê e apanha, uma bem pequenina e com frio.
Leva-a consigo como se fosse só sua...tão preciosa e sem vida.
Para sempre vai guardar no seu coração
Aquele último presente de Natal!

Bom Natal para todos
É o desejo da Inês (eu)

terça-feira, setembro 02, 2008

Vencer



Vences a entrada.
Fantástico!
E agora?

Vences o longo caminho.
Bravo!
E agora?

Vences a acentuada subida.
Magnífico!
E agora?

Vences a íngreme descida.
Parabéns!
E agora?

Agora…
Os portões monumentais
Abrem-se para ti!

Venceste?


Inês Barros

Existência



O futuro surge
Com memórias do passado
Num ritmo acelerado
Quando o suspiro urge.

Pensar na razão
Da existência fatal
Faz com que se ache banal
O sentimento do coração.

Nunca se sabe nada
Acerca do destino
Talvez se encontre um hino
Numa estrada abandonada.

Sentir um forte chamamento
Saber o que se quer
Transforma a ansiedade em saber
Desde o início do tempo.


Inês Barros

quinta-feira, junho 05, 2008

O meu outro sítio

Se estiverem interessados em ver o Portefólio da Inês, do 11º ano, cliquem em:O meu portefolio.

DIVIRTAM-SE!!!

sábado, junho 09, 2007

E se um dia...


E se um dia
tudo o que queres acontece?
E se um dia
Um campo inteiro floresce?

E se um dia
Não te apetece sorrir?
E se um dia
A Primavera não florir?

E se um dia
O Mundo te agradece?
E se um dia
O teu amor aparece?

E se um dia
O teu coração explodir?
E se um dia
Vires folhas a cair?



Postado por Inês Barros.